domingo, 1 de maio de 2011

DE VOLTA ÀS RAÍZES


Retornar à cidade natal, nossa terra, é uma tarefa árdua. Digo isso, porque além de todos os poréns, a temperatura, aqui, arde. Mas na verdade, fora as espécies mais exóticas, a grande maioria das raízes ficam debaixo da terra, uma metáfora nada obscura de sustentação física e nutricional. No entanto, uma vez cortadas essas raízes, as mudas devem ser replantadas em outros espaços para que a experiência, assim, rebrote. Tenho orgulho de minhas raízes, elas são a base de tudo o que sou. Só que eu preciso de outros solos para produzir novas flores, aquelas que não florescem em certos climas e ambientes.
Voltando à essas raízes, muitas vezes ligadas ao passado, nos deparamos com pendências e situações mal resolvidas, coisas que gostaríamos de ter esquecido, como o cheiro da infância, a voz da mãe, o gosto da goiabada feita na hora. Os traumas, porém, não são tão facilmente esquecidos, talvez nunca. E eles estão justamente nas raízes.
Raspei meus cabelos. Para muitas culturas isso é um símbolo de desapego. Para mim, só auto conhecimento e fuga do calor. Depois de anos de 'blondie ambiction'era hora de voltar às raízes, literalmente. A Vogue já tinha anunciado, ano passado, o fim da loirice e a volta da naturalidade, principalmente em cabelos. Fui cortando, tingindo, cortando, retocando, me enganando para falar a verdade. Agora eu sei a cor do meu cabelo. Vejo, que naturalmente, ele começa a mudar de cor. As raízes são escuras na sua maioria, mas fios brancos me lembram que o tempo não pára e o que importa não é fixar ou mudar as raízes de lugar. É preciso oxigená-las e adubá-las com todas as novidades que surgem por aí e com tantas outras que ficaram a serem feitas. As raízes estarão sempre lá enquanto houver vida. E enquanto houver vida, devemos buscar não o lugar comum, mas o lugar que faz nosso coração bater mais forte e faz nossas existências florescerem. É isso que atrai as borboletas, já dizia, sabiamente, o velho Quintana.

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