segunda-feira, 23 de março de 2009

Os 100 anos de Silva

Embora ainda desconhecido do grande público, mas aclamado nos meios artísticos e intelectuais, José Antônio da Silva, ou o simplesmente o ‘Silva’, deixou sua marca na História da Arte e completa seu primeiro centenário, em 12 de março de 2009. Nascido em Sales de Oliveira veio para Rio Preto muito jovem e tornou-se o pintor naïf mais importante do Brasil, com obras espalhadas pelo país e pelo mundo. Silva era autodidata, trabalhou na roça, foi faxineiro e mesmo apenas semialfabetizado chegou a escrever vários livros. O estilo que Silva soube incorporar como nem um outro brasileiro era o primitivismo, ou na versão internacional, naïf, um gênero bem peculiar, onde os artistas, com pouquíssimo conhecimento técnico e certa ingenuidade artística puderam se expressar. A palavra naïf em francês significa ingênuo ou simples, mas nem por isso as obras desses artistas teriam um valor artístico menor. Henri Rousseau (1844-1910) foi um dos primeiros gênios desse movimento de total negação do academicismo tão em voga no final do século XIX quando explodiram os movimentos de vanguarda em toda Europa.
Hoje, as obras do genial Silva (sim, ele fazia questão de ser chamado de gênio) podem ser encontradas em três espaços: no Museu de Arte Primitivista José Antônio da Silva, que fica no terceiro andar da Biblioteca Municipal e guarda mais de 60 telas (algumas das mais famosas) e mais objetos históricos e uma exposição permanente sobre o pintor. O Museu de Arte Naïf além de um acervo de pintores primitivistas da cidade guarda nas paredes 15 painéis originais de Silva, recentemente restaurados. Por fim, o lado místico e religioso pode ser encontrado nas 18 telas que compõem a Via Sacra pintada pelo artista na Igreja da Redentora. Um verdadeiro tesouro escondido bem debaixo de nossos olhos pronto para ser decifrado. É tempo de Silva.

segunda-feira, 9 de março de 2009

De repente 30? Parte 1


Tinha uma fase da minha vida em que viver a noite, como dizíamos, era a coisa mais importante. Era algo para fazer de segunda a segunda, não importava o quê. A Vida era uma eterna festa e o que realmente importava era aproveitar, a noite, os amigos, enfim, toda a balada. Uma vida sem grandes preocupações, embora o que vestir sempre foi um grande preocupação ou aonde ir era o básico para uma noite inesquecível. Uma vida festiva, etílica e colorida. Mas derepente você passa a se sentir diferente. Primeiros são os amigos que vão mudando, depois as responsabilidades da vida vão chegando e quando você vê, percebe que deixou aquela fase toda alegre par trás. É duro ter que encarar a vida adulta em um primeiro momento, tanto que muitos atrasam o relógio biológico e tornam-se ridículos fantasiados de adolescentes tardios. Não que eu acho que devemos endurescer, mas precisamos aceitar as verdades da vida, sem medo. Abandonar a vida não significa, no entanto, se tornar outra pessoa. É a questão do amadurecimento. Não temos como fugir dele e quanto mais fugimos, mais sofremos no futuro. Afinal, tudo muda no mundo o tempo todo até nossas cabeças. Será? E aquela criança que fomos um dia, vive ainda em algum lugar? Será? (tem continuação)

quarta-feira, 4 de março de 2009

De volta das Férias


Dizem, que para o brasileiro, o ano só começa depois do Carnaval. Nunca acreditei nessa verdade, embora cada vez eu esteja tendo certeza que isso é real. Para mim o ano começava no Reveillón, com todos os rituais a que tinha direito, uvas, cueca branca, sete ondas... Depois de um ano atípico como o ano passado sabático em que passei os primeiros quatro meses do ano na Europa comecei a perceber qual era a real. Porque lá fora, sem tantos feriados e muito menos sem carnaval pude perceber as enormes diferenças entre nossa cultura brasileira miscigenada e a cultura européia. Não que não gostemos de trabalhar e tal, mas é que temos um dom nato para festejar. Festas e feriados são conosco mesmo, não há dúvida. Só para se ter uma ideia, na Holanda, onde morei, existem apenas 4 feriados (quatro!) e a própria Semana Santa é meio confusa para nós. Eles na verdade não trabalham na segunda, depois da Páscoa. Vai entender? Sem qualquer resquício de carnavla ano passado meu ano engatou bem rápido. Ao voltar ao Brasil emendei dois empregos como coordenador de produção, um no maior festival de teatro do Estado e outro em campanha para prefeito. Foram 6 meses de trabalho intenso, stress e muita coisa legal que aconteceu. Depois disso tudo merecia umas férias. Com a crise mundial rondando solta eu decidi relaxar. Foram 4 meses de férias. Mas não pense você que férias para mim significa não fazer nada. Embarcquei no mais gostoso ócio criativo e nesse período pude fazer várias coisas que tinha deixado para trás, reativei esse blog, entreguei-me a todos os tipos de fofoca e assuntos gerais, dirigi uns filminhos e escrevi uma peça. Acha pouco? Pois saiba que eu me diverti bastante. E quando estava começando a bater a depressão de não fazer nada eu voltei para ativa. Devagar, para não estressar demais e já pensando nas próximas férias. Trabalhar é bom sim, mas poder fazer o que der na telha é melhor ainda. Mas isso é coisa de adolescente, faixa etária que eu deixei faz tempo. É hora de correr atrás. Acabou o carnaval, agora é dureza, pelo menos até a Semana Santa. Ai, como amamos os feriados! No entanto, parafraseando o poeta: Agora, trabalhar é preciso!