quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

GELL- POÉTICA DO DESESPERO

Eu faço a pré-estréia de meu novo espetáculo, “Gell- Poética do Desespero”, inspirado na vida e obra do genial pintor holandês Vincent Van Gogh, realizado dentro do Museu Primitivista José Antônio da Silva, no dia 26/02, para convidados. Gell em holandês significa amarelo, cor fundamental para o entendimento da obra do pintor e cor que representa o desespero, tão essencial no estado de espírito de Van Gogh. Esse espetáculo-performance foi concebido para museus, galerias de arte ou exposições, dialogando diretamente com o espaço destinados às obras de arte.



E embora “Gell-Poética do Desespero”, seja inspirado nas cartas de Van Gogh a seu irmão Théo, o roteiro de Tiago Mentor não segue um apelo unicamente biográfico, fazendo referências a todo universo da história da arte, discutindo a genialidade, a banalidade, a maldição da arte e o desespero, seja ele artístico ou real. No entanto, é mais autobiográfico que biográfico. “Gell” é um discurso sobre o artista e a sua criação, sobre o sucesso e sobre o fracasso e principalmente sobre a mercadologia da arte. E Van Gogh é o artista que mais representa essa contradição, vendendo apenas um quadro e vida e tornando-se genial após seu suicídio. Mas é, sobretudo, e antes de tudo uma discussão sobre a arte e sua crise, evidenciada pela última Bienal das Artes, a do Vazio, que foi mais polêmica do que representativa, culminando com a pichação de um dos pavilhões, episódio lembrado na peça. A sonoplastia é concebida por Miltinho Verderi.







Um processo totalmente em aberto e misturando instalação e música, unindo Van Gogh e Amy Winehouse, que carregam os dois lados da ‘loucura artística’ e aproxima-los faz com que o papel do artista seja em posto em xeque. O terceiro vértice da peça é José Antônio da Silva, que completaria 100 anos em 2009, famoso pintor primitivista que dá nome ao principal espaço de interesse do grupo. O diálogo com o pintor naif se dá diretamente com suas obras e com sua personalidade nada modesta e muito artística.





TRECHO:
"Aqui, nesse altar, eu começo o sacrifício. Em nome dos homem das cavernas e dos homens das favelas, em nome das bruxas queimadas e das musas mortas tragicamente. Em nome de todas as vanguardas e todos os momentos de crise. Só a antropofagia nos une. Daí-me inspiração nesse momento perplexo para que eu posso comungar de só um ideal. Só me interessa o que não é meu. É a crônica de uma morte anunciada. A arte agoniza nas filas dos SUS enquanto a massa, em choque pelo último capítulo da novela incita em mim mais uma crise pós-moderna. Roteiros, roteiros, roteiros, roteiros. Bull shit! Em nome das balas perdidas e achadas em corpos inocentes. Pelos palestinos e israelenses mortos por mísseis da carnificina. Em nome de Vincent Van Gogh, Amy Winehouse e José Antõnio da Silva eu dou início a esse ritual . Pelo sangue derramado e por tanta ilusão eu me entrego, como sacrifício nesse banquete. A alegria é a prova dos nove. Eu me devoro. Amém."

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Quem mexeu no meu orkut?

TEXTO PARA O SITE INBEAT 2006:

O Orkut, maior projeto de Internet que se tem notícia, parece mesmo viver o seu momento de glória. Com mais de 28 milhões de usuários pelo mundo inteiro, sendo que, 64% estão só aqui (bobagem!), esse site de relacionamento não demonstra sinais de queda, muito pelo contrário. Mais do que uma mania, o orkut virou febre. Tem-se de tudo, de pessoas a todos assuntos possíveis (pense em algo bem bizarro e procure uma comunidade, com certeza já terá uma, ou várias!). É a maior rede virtual de relacionamento já montada. E embora, muitos torçam a cara para o tal do Orkut, dificilmente alguém não tenha sua conta. Ou pelo menos um perfil fake. Afinal, o grande barato do Orkut, além dos contatos, é espionar a vida alheia.
No mundo do Orkut, você se torna um profile. Uma foto quadrada ao lado de mais outras fotos menores igualmente molduradas, quase como em um cemitério. Você aceita seus amigos e escolhe comunidades de acordo com seus gostos (medo!!!) e pronto, você está lá exposto, para quem quiser ver. Tudo o que você disse ou disseram para você. O que você vai fazer sábado à noite, com quem você saiu, quem ficou com quem e o que você achou da balada. E o pior é que não adianta reclamar, foi você mesmo quem pôs tudo isso lá. E por mais que você seja do tipo que apaga todos os seus recados, ainda assim, você continua exposto. Seus amigos estarão lá e sempre vai valer a máxima: “Diz me com quem andas, que direi quem tu és”, eu sei que é duro, mas é real. Portanto, se você quiser privacidade, delete seu orkut e fim de papo. O orkut é realmente um monstro. Mas, se você quiser brincar, afinal quem está na chuva é para se molhar, divirta-se horrores nesse monstro da Internet. (Eu, que sempre fui queimado mesmo, nem ligo!)
E quando o Orkut parecia ter caído no lugar comum, eis que eles criaram a mágica ferramenta que controla quem entra na página de quem.Aí a paranóia foi geral. Nos primeiros dias ficamos chocados com namoradas de ex-namorados, pais de amigos enrustidos e inimigos mortais. Cortou um pouco o nosso barato de espiarmos a vontade, mas nos deu outra sensação importante: saber quem mexeu no seu orkut. Tem aqueles que preferem bloquear essa ferramenta, mas ela faz a diferença. Passado o susto inicial, agora, na minha opinião, ela serve para dar boas gargalhadas dos tipos que passam pela nossa página, todos os dias. Eu adoro!
Se você é uma pessoa completamente paranóica, delete TODOS os seus scraps! Se você é uma pessoa normal, delete apenas o que possa te comprometer. Se você não está nem aí, deixe o circo pegar fogo.
Cuidado com scraps! Nunca, jamais, fale de sexo, drogas e outras baixarias. Para isso use o seu e-mail. É uma delícia ler essas pérolas nas páginas alheias, mas nem todo mundo e pode pegar mal.
Ignore todos os usuários que enviam aqueles scraps insuportáveis, tipo ‘quer emagrecer enquanto dorme?’ ou ‘quer maior desempenho nas relações?’. Vale para quem manda aqueles desenhos do inferno e para quem manda o vídeo da Cicarelli. Políticos, então, nem se fala. Ignore mesmo. Nessas horas seria bom um 38 carregado, mas é politicamente incorreto, eu sei...
Recebeu uma mensagem linda? Guarde para você ou mande só para quem você tem certeza de que vai gostar.
Nunca adicione ninguém sem deixar, pelo menos, um scrap. Quem você pensa que é? A Madonna?
Cuidado com as fotos que você coloca no seu álbum. Algumas acabam virando comentários maldosos em comunidades de chacota.
Precisa falar algo urgente e ninguém pode saber? Mande um testimonial com a mensagem e peça para a pessoa deletar logo em seguida. Faço muito isso para passar e pegar número de celular.
Nunca crie mais que uma comunidade por mês.
Scrap recebido é scrap respondido.
Se você encontrar uma comunidade que vale a pena( ou pela descrição bizarra ou pela causa), pode divulgar para toda sua lista. Mas que seja bacana, hein? E que você não faça isso, todo dia, três vezes por dia.
Alguém quer brigar e você é a vítima. Seja fino. Delete os scraps, ignore a pessoa e ponto final. Mas se você quiser brigar também, dou a maior força. Se quiser, eu até ajudo.
Está a fim de alguém? Vá em frente, o Orkut está aí para isso. Mas antes, de elogiar os atributos físicos da pessoa, certifique-se de que ela é solteira. Já vi cada baixaria...

No fundo, como tudo na vida, o Orkut deve ser utilizado com bom senso. A maravilhosa rede é exposta e tudo vê. Mas, a brincadeira, no fim, vale a pena. Assista ao meu vídeo no YouTube, “Quem mexeu no meu orkut?” e vamos gargalhar de ironia e de indignação também. Xô, tilangaiada!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

AVISO:

Textos antigos desse blog não seguem o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Prometo que os novos vêm corretamente. Afinal, não quero denunciar a minha idade balzaquiana. Combinado?

UM DINOSSAURO NA NOITE

(InBeat 2006)

Experimente abandonar a noite por alguns meses. Às vezes, a nossa vida toma rumos desconhecidos mesmo. Muitas coisas acontecem todos os dias, gente nasce, gente morre, gente se assume, enfim, estamos aí abertos para, a qualquer momento, cairmos na roda da vida. Você era o mais animado de todos e, de repente, encontra-se no mais puro ostracismo, sem ânimo e sem tesão e vai aos poucos deixando de lado aquela vida noturna a que estava acostumado. Começa com um sábado em casa e quando você percebe fazem três meses que você não se diverte. Ok, eu confesso, esse texto será ‘meio’ autobiográfico, não dá para disfarçar, afinal, minha última coluna “Um sábado em casa”, de 17/05, não vai me deixar mentir. Eu sumi, na verdade, eu desapareci por três longos meses, mas estou de volta. E como qualquer retorno, até o do Superman, pode ser um desastre.
Como tudo na vida, o tempo, é o grande senhor do Destino. Ele nos atravessa e nos confunde, o tempo todo. Sem toda a lei da relatividade de Einstein não dá nem para, de longe, decifrar essas incógnitas. Afinal, não há nada mais relativo que o tempo. Uma hora é sempre uma hora, mas certos fatores podem detonar essa equação. Um mês de férias passa tão rápido. Um mês de angústia dura uma eternidade. Impossível generalizar então. Em alguns meses, algumas coisas podem mudar tanto que seja impossível reconhecê-las, pelo menos, assim de início. Em três meses pode acontecer uma verdadeira revolução na moda, músicas e até no comportamento das pessoas, o que dirá na noite, onde tudo é mais intenso e passageiro. E como em uma novela, às vezes, o tempo passa muito rápido e meses depois, um novo capítulo se abre diante dos nossos olhos.
A um primeiro momento, tudo é estranho. Mesmo tendo você, quase afundado a pista de tanto balançar o quadril, tempos atrás, parece que você nunca foi daquele lugar. Aconselho que você já chegue, com pelo menos, um drinque na cabeça (tão importante esse primeiro drinque!!!). Chegar com amigos de longa data também ajuda, porque parece que você não conhece ninguém. E realmente você não conhece. Fiquei impressionado como na noite o fluxo de pessoas muda tanto. Eu demorei quase uma hora para encontrar o primeiro conhecido de balada. Eu não reconhecia ninguém. Ninguém mesmo. Páginas da vida depois é que você vai se acostumando com a mudança e começa a reencontrar, aos poucos, as pessoas. É claro que os dinossauros da noite vão sempre estar lá. Podem passar anos, mas alguns membros do clube têm sempre carteirinha, não é mesmo? É aquela velha história, ‘você pode até tirar o cara do Studio 54, mas você jamais tira o Studio 54 do cara’. Essa é ótima e tinha que ser de Carrie Bradshaw. Aproveito para mandar, aqui, um recado para meus grandes amigos de balada, me liguem, vamos marcar uma noitada, como nos velhos tempos. Precisamos rir a beça de novo.
Não importa, está no sangue esse DNA de curtir a noite ‘alucinadamente’ que algumas pessoas têm (desconfio seriamente que eu tenha esse DNA, afinal, ‘have fun’ é comigo mesmo). Portanto, se você anda se escondendo da vida, é hora de sair do armário e se jogar, literalmente. Como um bom Agilisaurus Rex que sou (at least about night!), tinha que dar os meus pitacos sobre o retorno triunfal.
Esteja impecavelmente arrumado. Afinal, as pessoas são maldosas e não deixam de comentar nada. Mesmo estando realmente acabado, saiba disfarçar. Maquiagem, tintura de cabelo e batas estão aí para isso. Uma boa produção é sempre uma boa produção, sempre.
Capriche no modelo. Um retorno sempre pede algo novo e incrível. Colabore com a indústria da Moda.
Marque com todos os seus amigos essa grande noitada. Ligue, mande scraps, whatever... É muito importante se divertir ao lado de pessoas que a gente gosta e que gostam da gente. Fazer um ‘esquenta’ antes, então, arrasa.
Drinques são sempre bem-vindos. Glamourize seus cocktails, ao máximo. Mas NUNCA, em hipótese alguma, beba muito ou muito rápido. E muito menos de estômago vazio. É desastre na certa.
Faça uma entrada triunfal, afinal, você merece e todo mundo adora. Um dia ainda quero chegar montado em um pônei, juro.
Estando solteiro é hora de cair matando. Carne nova é o que não falta e também tem aquelas que estavam caras e agora estão mais em conta e tem aquelas que não são mais proibidas, é uma fartura só. Aproveite muito. Só não se esquecendo de usar camisinha.
Estando acompanhado, controle-se! A não ser que vocês estejam a fim, é claro, de um ménage a trois (que parece estar voltando a moda!?!).
Esqueça tudo e simplesmente aproveite cada momento. Não importa o que tenha acontecido nesse período de ausência, a noite merece ser respeitada e curtida.
Muita coisa aconteceu comigo nos últimos tempos e muita coisa ainda vai acontecer, não tenho dúvidas. Estamos em constante amadurecimento e aprendizado nessa vida. Sumir por uns tempos faz parte do jogo. Mas, o mais importante de tudo é retornar e fazer tudo aquilo que a gente gosta. E ser autêntico sempre. Acreditei, quando me disseram lá trás (acho que nos 90’s) que tínhamos que ter personalidade. E eu acho que isso eu tenho. O essencial, on ou off, é ser você mesmo.

O SEXO E A BALADA (Para Carrie Bradshaw)


(Do site In Beat, 2006)

Você pode até fazer cara feia para esta afirmação, mas que sexo e balada caminham juntos, isso ninguém pode negar. É claro, que a diversão conta muito, mas se você olhar, friamente, vai perceber que o instinto sempre fala mais alto (às vezes, ele até berra!). Então, para que moralismos?
Repare bem: porque as pessoas se arrumam tanto para balada? Apenas para estarem bem? Acho que não... Então porque as pessoas gastam tanto dinheiro com aparência? Simplesmente por causa do sexo, o resto é irrelevante. Calma lá, também não estou dizendo que todas as pessoas sejam ninfomaníacos incontroláveis, não é isso. É que, no fundo, ao ‘cairmos na noite’ estamos sempre em busca de algo novo, o que, na maioria das vezes, é sexo. (Amor de balada, se é que existe, fica para um próximo texto).
Necessitamos enlouquecidamente de algum tipo de afetividade. Pagamos o preço que for para parecermos belos, sexys e casuais. Planejamos a noite nos mínimos detalhes. Enchemos a cara e vamos a luta. Mas, em se tratando de sexo, a coisa complica mais. Mesmo estando carecas de saber tudo sobre sexo, descobrimos que ele, o sexo, não tem muitas regras e tudo se baseia mesmo é na improvisação (e a meu ver é aí que começam os problemas). Será, que falando de sexo, falamos a mesma língua? Será?

A PAQUERA: Como saber se o outro está a fim de você? Ta aí a primeira grande dificuldade, já que tem gente que nem desconfia o quer da vida. É uma complicação maior ainda se você tiver que descobrir, antes de tudo, a orientação sexual da pessoa em questão. Sim, tem gente que engana (mas isso todo mundo ta careca de saber!). Mas, se você perceber olhares estranhos, desconfie: pode ser uma paquera. O que não exclui o fato, é claro, de estarem, talvez, falando é mal de você. Piscadas e sorrisos ajudam muito nessa hora, mas também, às vezes, vai saber. Tem muita gente com tique nervoso também.

CHEGANDO: Se você é que está de olho em alguém, toda calma desse mundo. Muitas vezes, um simples detalhe, põe tudo a perder. Esteja certo de que é aquilo que você quer. Rodeie bastante, procure ver a pessoa de todos os ângulos, observe se ela não está acompanhada. Uns drinks, nessa hora, parecem cair do céu. Disse uns drinks, não uma garrafa de vodka, se não é capaz dele fugir ao sentir, digamos assim, seu cheiro. Fuja também de pessoas alcoolizadas ao extremo. Um amigo, também, ajuda muito na hora de chegar em alguém, se bem que eu sou da filosofia do ‘faça você mesmo’. Percebendo que a pessoa não está a fim, não seja chato e nem queira vencer pelo cansaço, desapareça o mais rápido possível. Afinal, é preciso escolher outra vítima e atacar, e a noite é longa.

DISPENSANDO: Alguém chegou e você não está nem um pouco a fim? Dispense rapidinho. Invente uma boa desculpa. Falar que tem namorado, na maioria das vezes resolve. Mas se você precisar apelar, diga que você é evangélico e comece a converter a pessoa. É tiro e queda.

NA HORA H: Relaxe, mas nunca demais. Esteja preparado para tudo, mas só faça aquilo que você realmente quiser. Nunca se sabe, mas que tem gente louca e psicótica nesse mundo, isso tem. Nada de demonstrações explícitas de paixão em público, para essas coisas, a platéia é dispensada. É desagradável e feio. Do resto, seja você mesmo. Ninguém precisa impressionar ninguém, até por que uma hora, a máscara caí e você pode estar completamente apaixonado e aí é tarde e é outra história.

NEM PRECISAVA FALAR: Camisinha sempre (leve na bolsa, no bolso, na meia e na carteira). Sexo na balada deve ser evitado, por mais tentador que pareça (sempre alguém vê e vai lembrar disso pro resto da vida). Outra coisa a respeito do sexo na balada: algo pode errado com seu organismo e aí o que você faz? Melhor não arriscar. Mas, se mesmo assim você decidiu arriscar, cuidado com os vestígios do sexo na roupa. E o cheiro? Melhor nem comentar.

FUJA: de pessoas quimicamente alteradas, daquelas que só ligam para aparência e de amigos que tem sempre alguém para te apresentar. É sempre uma grande furada. E corra, três dias seguidos e sem olhar para trás, dos já acompanhados e dos politicamente caretas.

E NÃO SE ESQUEÇA: A concorrência é grande. Nunca revele detalhes íntimos a ninguém. Imagina se alguém resolve usar tudo isso contra você? Pra isso, não dá para confiar em ninguém (depois não diga que eu não avisei!).

E mesmo assim você não conseguiu nada? Não desista jamais. Reveja tudo e tente outra vez, e outra, e outra. Até porque sexo é uma questão de muitas e muitas tentativas.

PEQUENAS ETIQUETAS PARA UMA BALADA MEMORÁVEL

(Texto antigo, 2006, para o site In Beat que eu republico aqui)

Baladas são sagradas. Não há quem resista a essa deliciosa combinação de música, bebida e paquera, e se houver, ou é ruim da cabeça ou doente do pé. A simples palavra ‘balada’ é capaz de despertar e ‘ligar’ até o mais low profile dos mortais. São sagradas, mas costumam serem pesadas (essa é a palavra). Conheço pessoas, que literalmente, perderam suas almas em baladas.
Depois de muito pensar em um tema interessante e que não causasse tédio no leitor e perplexo com a falta de educação global, acabei por escolher falar sobre essas tão famosas regras de comportamento social, que as pessoas, barbaramente, descumprem todos os dias. Usei para tanto, minha vasta experiência na noite, anos e anos de um árduo trabalho investigativo, para tocar em alguns pontos que eu considero primordiais. Vamos a eles:
· Procure respeitar a fila, principalmente a da entrada. A não ser, claro, que você seja realmente uma figura conhecida na noite, aí, vale a pena abusar da fama e do prestígio de ser hype. Nada mais delicioso que passar na frente de todo mundo. Se tiver tapete vermelho, melhor ainda.
· Estando na fila: não fique escutando as conversas alheias, não fique tentando ler a etiqueta das roupas dos outros e não fale nada muito alto. Mas se quiser, faça carão à vontade. É seu mesmo, quem liga?
· Dar uma espiadinha no espelho é básico e não faz mal a ninguém. Ficar escravo dele não dá. Pense nisso.
· Quando o assunto é gloss, menos é mais!
· Celular na balada jamais! Não combina. A não ser que você esteja esperando muito para fechar um negócio. E mesmo assim escondido. Celular em casa e você na balada. No máximo, dentro da bolsa.
· Banheiros de baladas costumam ser um verdadeiro caos. Seja rápido na sua utilização e nunca esqueça de dar descarga ao terminar.
· Nunca beba demais. Mas sabemos que é impossível agüentar uma balada sóbrio. Como ninguém sabe com quantas doses lamberiam o chão, calma é fundamental até descobrir o seu limite (o meu são três doses, embora a quarta seja a melhor!). A grande verdade, é que algumas pessoas, ficam muito desagradáveis quando estão bêbadas. Use a tal da moderação senão a noite pode acabar rapidinho ou você pode se arrepender amargamente no dia seguinte. Em todos os casos, água no next day é fundamental.
· Nunca beba quando estiver muito triste, deprimido ou tenso. Não costuma cair bem.
· Se te oferecerem drogas e você não quiser, apenas diga não e obrigado. Não banque o intrometido e nem venha com lições de moral. Cada um faz o que quer da vida. Para quem curte drogas, só um conselho: não dê bandeira.
· Não pense que a pista de dança é só sua. Não fique rodando enlouquecidamente. Não pingue suor nos outros. Não pise nos pés alheios.
· Seja simpático. Cumprimente as pessoas. Ao falar olhe nos olhos. E na hora de apresentar pessoas, descomplique. Depois das três da manhã, relaxe total.
· Paquerar é uma delícia, embora as espécies que amamos estejam quase em extinção. Mas evite, por tudo, paquerar quem está acompanhado. É horroroso e pode acabar mal.
· Se você curte praticidade leve papéis com seu nome e telefone, vai que você conhece alguém interessante (tentar achar uma caneta na balada é quase impossível). Evite entregar o seu cartão profissional ao seu futuro quem-sabe-o-quê. Imaginou o rolo que pode dar?
· Se você pretender ficar na balada até o dia raiar, não esqueça de levar óculos de sol e chicletes. Ninguém é obrigado a ver sua cara destruída e nem você é obrigado a dar detalhes pessoais.
· Tenha sempre grana extra para voltar para casa. Nunca se sabe como uma balada vai terminar.
E se algo sair errado, mantenha a calma e procure agir sempre com bom humor (ele sempre me salvou!). Se tiver que pedir desculpas, peça. Não crie caso a toa com as pessoas simplesmente porque você quer. Baladas são feitas para divertirem e não para estressarem ninguém. Pense nisso tudo e simplesmente arrase na noite. Não há nada mais elegante, até mesmo na balada, do que alguém que sabe se divertir e respeita os demais. Essa é a maior etiqueta, maior que as da Diesel ou que outras qualquer. E como uma amiga minha, finíssima e londrina, diz: “do it, but do it with class”. E boa balada!

GELL-POÉTICA DO DESESPERO (novo trabalho)




ONDE ESTÁ A ARTE?

Passeio obrigatório em toda viagem internacional, a ida aos museus, ainda hoje, causa estranhamento e questionamentos, aspectos fundamentais na arte, com a mescla de civilizações e épocas diferentes e reforçando ainda mais a idéia de que a arte não tem uma definição concreta. Tanto a célebre Monalisa, quantos as badaladas e repetidas Marylins de Warhol ou as mulheres multifacetadas de Picasso estão inseridas na arte e são realizações concretas vindas de idéias abstratas. Sobre a arte a única certeza que tenho é que ela é um produto da expressão humana e está intimamente ligada ao seu tempo. É preciso entender a arte, mas principalmente senti-la. Artista plástico por formação, aventurei-me pelos principais museus do mundo e relato, aqui, um pouco do que vi.
Verdadeiros templos dedicados à arte, os museus do Velho Mundo estão entre os melhores e guardam um tesouro inestimável que remonta toda nossa história. Alguns, como o Museu do Vaticano, que além de todas as obras e riquezas da Igreja abriga a Capela Sistina, obra-prima do genial Michelangelo (que tem obras ainda espalhadas por outras igrejas em Roma). Os museus espanhóis (como o do Prado e Rainha Sofia) são muito bons e reúnem pinturas clássicas e de vanguarda. Na minha opinião, os melhores estão na Inglaterra, o British Museum e o National Gallery, gratuitos e completos com toda a coleção de arte da Rainha, que incluem, inclusive, múmias egípcias. O Louvre, embora o mais conhecido, foi o que mais me frustrou. Tudo é lindo, mas lotado todos os dias do ano e tornando quase impossível a apreciação das obras-primas. O Brasil também conta com bons museus, como o MASP, o MAM e a Pinacoteca (com obras internacionais inclusive), só deixando a desejar no quesito segurança, coisa que lá fora é assunto sério.
No entanto, hoje, a arte ganha cada vez mais outros espaços, fora dessas paredes protegidas. A arte pós-moderna, muitas vezes, por sua constante mutação não combina mais com os museus, ela explora todos os meios e todas as vias, interagindo diretamente com seu espectador e sendo até mesmo incompreendida. A arte não combina com definições, ela é livre como a mão que esculpiu o mármore ou a que grafita um muro. Ela é democrática e embora possa aos olhos apressados não parecer, ela é essencial. Isso para mim é arte essa eterna mutação em busca da beleza, do questionamento de postura e de um mundo melhor, mesmo que somente na esfera da arte. E para você o que é a arte?

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