terça-feira, 20 de janeiro de 2009

UM DINOSSAURO NA NOITE

(InBeat 2006)

Experimente abandonar a noite por alguns meses. Às vezes, a nossa vida toma rumos desconhecidos mesmo. Muitas coisas acontecem todos os dias, gente nasce, gente morre, gente se assume, enfim, estamos aí abertos para, a qualquer momento, cairmos na roda da vida. Você era o mais animado de todos e, de repente, encontra-se no mais puro ostracismo, sem ânimo e sem tesão e vai aos poucos deixando de lado aquela vida noturna a que estava acostumado. Começa com um sábado em casa e quando você percebe fazem três meses que você não se diverte. Ok, eu confesso, esse texto será ‘meio’ autobiográfico, não dá para disfarçar, afinal, minha última coluna “Um sábado em casa”, de 17/05, não vai me deixar mentir. Eu sumi, na verdade, eu desapareci por três longos meses, mas estou de volta. E como qualquer retorno, até o do Superman, pode ser um desastre.
Como tudo na vida, o tempo, é o grande senhor do Destino. Ele nos atravessa e nos confunde, o tempo todo. Sem toda a lei da relatividade de Einstein não dá nem para, de longe, decifrar essas incógnitas. Afinal, não há nada mais relativo que o tempo. Uma hora é sempre uma hora, mas certos fatores podem detonar essa equação. Um mês de férias passa tão rápido. Um mês de angústia dura uma eternidade. Impossível generalizar então. Em alguns meses, algumas coisas podem mudar tanto que seja impossível reconhecê-las, pelo menos, assim de início. Em três meses pode acontecer uma verdadeira revolução na moda, músicas e até no comportamento das pessoas, o que dirá na noite, onde tudo é mais intenso e passageiro. E como em uma novela, às vezes, o tempo passa muito rápido e meses depois, um novo capítulo se abre diante dos nossos olhos.
A um primeiro momento, tudo é estranho. Mesmo tendo você, quase afundado a pista de tanto balançar o quadril, tempos atrás, parece que você nunca foi daquele lugar. Aconselho que você já chegue, com pelo menos, um drinque na cabeça (tão importante esse primeiro drinque!!!). Chegar com amigos de longa data também ajuda, porque parece que você não conhece ninguém. E realmente você não conhece. Fiquei impressionado como na noite o fluxo de pessoas muda tanto. Eu demorei quase uma hora para encontrar o primeiro conhecido de balada. Eu não reconhecia ninguém. Ninguém mesmo. Páginas da vida depois é que você vai se acostumando com a mudança e começa a reencontrar, aos poucos, as pessoas. É claro que os dinossauros da noite vão sempre estar lá. Podem passar anos, mas alguns membros do clube têm sempre carteirinha, não é mesmo? É aquela velha história, ‘você pode até tirar o cara do Studio 54, mas você jamais tira o Studio 54 do cara’. Essa é ótima e tinha que ser de Carrie Bradshaw. Aproveito para mandar, aqui, um recado para meus grandes amigos de balada, me liguem, vamos marcar uma noitada, como nos velhos tempos. Precisamos rir a beça de novo.
Não importa, está no sangue esse DNA de curtir a noite ‘alucinadamente’ que algumas pessoas têm (desconfio seriamente que eu tenha esse DNA, afinal, ‘have fun’ é comigo mesmo). Portanto, se você anda se escondendo da vida, é hora de sair do armário e se jogar, literalmente. Como um bom Agilisaurus Rex que sou (at least about night!), tinha que dar os meus pitacos sobre o retorno triunfal.
Esteja impecavelmente arrumado. Afinal, as pessoas são maldosas e não deixam de comentar nada. Mesmo estando realmente acabado, saiba disfarçar. Maquiagem, tintura de cabelo e batas estão aí para isso. Uma boa produção é sempre uma boa produção, sempre.
Capriche no modelo. Um retorno sempre pede algo novo e incrível. Colabore com a indústria da Moda.
Marque com todos os seus amigos essa grande noitada. Ligue, mande scraps, whatever... É muito importante se divertir ao lado de pessoas que a gente gosta e que gostam da gente. Fazer um ‘esquenta’ antes, então, arrasa.
Drinques são sempre bem-vindos. Glamourize seus cocktails, ao máximo. Mas NUNCA, em hipótese alguma, beba muito ou muito rápido. E muito menos de estômago vazio. É desastre na certa.
Faça uma entrada triunfal, afinal, você merece e todo mundo adora. Um dia ainda quero chegar montado em um pônei, juro.
Estando solteiro é hora de cair matando. Carne nova é o que não falta e também tem aquelas que estavam caras e agora estão mais em conta e tem aquelas que não são mais proibidas, é uma fartura só. Aproveite muito. Só não se esquecendo de usar camisinha.
Estando acompanhado, controle-se! A não ser que vocês estejam a fim, é claro, de um ménage a trois (que parece estar voltando a moda!?!).
Esqueça tudo e simplesmente aproveite cada momento. Não importa o que tenha acontecido nesse período de ausência, a noite merece ser respeitada e curtida.
Muita coisa aconteceu comigo nos últimos tempos e muita coisa ainda vai acontecer, não tenho dúvidas. Estamos em constante amadurecimento e aprendizado nessa vida. Sumir por uns tempos faz parte do jogo. Mas, o mais importante de tudo é retornar e fazer tudo aquilo que a gente gosta. E ser autêntico sempre. Acreditei, quando me disseram lá trás (acho que nos 90’s) que tínhamos que ter personalidade. E eu acho que isso eu tenho. O essencial, on ou off, é ser você mesmo.

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