sábado, 30 de abril de 2011

Passado, presente ou futuro?

"... Saudade é amar um passado que ainda não passou, é recusar um presente que nos machuca, é não ver o futuro que nos convida..." Pablo Neruda

Se a palavra saudade só existe em português, o Neruda estava falando de outro assunto, mas que se encaixa perfeitamente na dor da saudade. Dizem que o nosso primeiro trauma, o nascimento, já nos deixa com saudades do útero. Depois vêm a saudade da infância, das brincadeiras, dos avós. Aí vem a saudade de amor, e depois de sentí-la, entendesse todas as outras. O passado, salvo em raras exceções, é bonito porque é conhecido e nostálgico, estamos acostumados a ele. Sentir saudades de alguém, de algum lugar ou momento é um dor indescritível, sem pieguices ou sentimentalismo. Nunca pari, mas tatuagem, dor de canal e fratura exposta doem muito, mas a dor intocável é a pior. Saudades dos que partiram, então, é a mais foda, e sempre acaba em lágrimas. Mas sabendo lidar com a dor e entendendo que tudo é um processo na vida, causas e consequências, entendemos e passamos a dar valor ao único tempo que nos pertence: o presente.
E como num conto do Caio Fernando Abreu, que eu amo, ele fala disso, da fragilidade e de como devemos segurar esse presente, como quem segura um bebê ou um cristal, com cuidado. O presente é o presente que nos é dado todos os dias ao acordar, por incrível que pareça, tem gente que não acorda. façamos, então, o máximo com esse tempo presente, tomando-o nas mãos e não guardando nos bolsos, lembre-se, ele pode quebrar. Cada dia é um dia, cada dia é uma lição diferente a ser aprendida e ensinada. Isso é o presente, isso é o que importa.
Quanto ao futuro, não gosto nem de pensar. Às vezes ele nem chega ou chega detonado. Mas ele não pertence a ninguém, nem a Deus. Ele só é um resultado de uma experiência que fazemos no presente, esquecendo o passado. Pensar no futuro é até saudável. Viver para ele, nem tanto. Nem meu pai de santo e nem meu tarô vão conseguir influenciar o meu futuro. Só o que eu faço com esse bebê, o tempo presente, que nasce cada dia quando abrimos os olhos. Viver!

2 comentários:

Renata de Gracia disse...

muito legal e verddadeiro esse texto. Parabéns pela sensibilidade! um bjo

Renata de Gracia disse...

muito legal e verddadeiro esse texto. Parabéns pela sensibilidade! um bjo