quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Ah, o AMOR!





Hoje vou falar de amor. Aliás, escrever sobre. E a despeito de qualquer comentário sobre a minha suposta pretensão, devo me explicar. Nem de longe sou a maior autoridade no assunto, mas analisando tudo friamente, senti-me tentado em falar do mais sublime dos sentimentos, o imortal, sofredor e dramático amor. No entanto, para discorrer sobre esse assunto, hoje, é preciso fazer muitas ressalvas. É preciso esquecer aquela história de Romeu e Julieta (muito ultrapassado, sorry!), esqueça greves de fomes, milhões de poemas que já foram escritos e todas aquelas 'porres vergonhosos' que foram feitas em nome do amor. Fomos evoluindo e hoje, ninguém mais morre de amor. As fossas têm sido tão rápidas que, dificilmente, ultrapassam uma semana. Infelizmente.
O Amor, sublime amor, foi dissecado em laboratórios, estudado a fundo em universidades e por fim, colocado em prateleiras (aliás, como quase tudo na vida?!?). Falar de amor, agora, é falar da velocidade do século XXI. Às vezes, é tão rápido que nem dá tempo de trocar um e-mail. De tão carentes que andamos ultimamente mal conhecemos alguém, já estamos amando para dois minutos depois não estar mais. Afinal, mais do que nunca a máxima 'a fila anda' está na moda, não? Ninguém quer ficar por baixo, tenho certeza. E outra, há uma infinidade de opções disponíveis e com o mesmo objetivo (encontrar a cara-metade) nos encantando através de uma simples conexão. Não condeno nada, apenas me espanto com o desfecho de todas essas histórias (quantos por centos virão a ser algo sério mesmo, alguém sabe me disser?). Nessa nossa pressa de modernos atropelamos todas as etapas do amor, sofremos e machucamos as pessoas, que talvez sejam bem intencionadas. Nessa sangria por uma felicidade egoísta, às vezes, deixamos o verdadeiro amor passar, reclamamos da solidão e nos esquecemos de quem passou por nossa história e talvez, significou algo mais que uma simples paixão (ou tesão!). Não dizemos mais 'eu te amo', mas sim 'eu te amo hoje'. Foda isso. But...
De tudo, o que mais me choca é a rapidez com que saímos de uma relação para outra. Uma colega me fez dia desses escutar uma história enorme sobre o namorado dela e etc e tal, com riqueza de detalhes da paixão do casal. Dias depois, eis que encontro essa colega acompanhada. Só que já era outro rapaz, não o da conversa, mas um que ela já estava igualmente apaixonada. É possível esquecer alguém com essa facilidade? Ou será que não era amor? Vai saber... Temos remédios para quase todos os males, no entanto a dor de amor ainda continua um tanto desconhecida. Mas já existem tratamentos específicos: floral para pé na bunda, massagem shiatsu para dor de cotovelo e a lista vai, principalmente para quem for corajoso. Todos já sentimos esse desconforto, em algum momento da vida, mas, talvez traumatizados, talvez bloqueados, agora fugimos. Embora todos estejamos atrás do príncipe encantado ninguém quer amá-lo, principalmente se ele não for loiro, alto e sarado. Ninguém tem coragem para abdicar de uma vida para compartilhar uma outra, com algumas alterações. Ninguém mais ousa, ninguém faz loucuras de amor, ninguém paga mais mico. Vivemos amores contidos e 'politicamente corretos'. Tudo tão sem graça e sem perspectiva que dificilmente marcará como Romeu e Julieta. Somos imediatistas e queremos uma 'história certinha', sem defeitos (se eles insistirem, bota Photoshop!) e sem coletividade nenhuma. Mas relacionar-se não é justamente o contrário, meu Deus? Conseguimos mecanizar até mesmo o amor. Atualmente, ele está em uma máquina nos esperando para uma história visualmente clean e manipulada por excelentes programas de edição. Muito prático, se não der certo é só terminar por e-mail mesmo e deletar. Ah, essa virtualidade...
Não sou nem um pouco saudosista, mas nessas horas, bem que me dá saudade daquele amor cafona, indiscreto e inconveniente. Aquele amor Maria Bethania, que não dá para segurar e que explode tudo pela frente. Tenho saudades das cartas de amor, das crises de choro compulsivo e de outras visceralidades. Para amar é preciso se sujar, não tem jeito. O nosso problema é justamente esse. Temos tudo pronto e formatado, não dá para deixar a montanha russa emocional perder o controle. Seguramos o breque e acreditamos piamente que estamos fazendo a coisa certa, mas será? Mas precisamos de um frio na barriga, pelo menos, eu preciso, não é? Precisamos de emoção na vida, e isso parece ser artigo raro, dada a imensa depressão, melancolia e vulgaridades a que estamos totalmente expostos. A escolha tem que ser sua. Se é para entrar no jogo que seja para valer e com todos os 'loopings' a que temos direito, isso é o que eu penso. Grandes amores dão trabalho mesmo, mas não é isso que todos almejamos? Não há formulas e nem segredos, táticas podem funcionar, mas nem sempre. Amar chega a ultrapassar o nosso entendimento e por isso nos seduz e nos assusta. Mas faz, também, com que nos sintamos realmente vivos e conectados com o Universo. Amar, independente de ser ou não amado, é o nosso maior desafio e a maior prova de que nossa alma não é pequena. Porque, apesar de todos os percalços, amar vale a pena, já disse o poeta.



* Críticas, sugestões e reclamações são super bem-vindas. Escreve para mim: tiagomentor@hotmail.com

Um comentário:

DI disse...

Adoreiiiiiii, pensei que era a unica e que ainda pensava assim rs ufaaaa...bjs