Desde a retomada do cinema nacional, nos anos 90, um filme brasileiro não tinha dado tanto o que falar quanto “Tropa de Elite”. Tudo começou com a polêmica dos DVDs piratas antes mesmo de sua estréia oficial. Amplamente comercializado pelo mercado popular não demorou a chegar em nossa região e começou a instigar mais e mais polêmicas. Considerado fascista por alguns, violento e banalizado demais por outros, com “Tropa de Elite” não existe meio termo, ele é, sem duvida, o filme do ano. Nunca se viu esse sucesso de publico tamanho, estima-se que o número de espectadores já tenha ultrapassado a casa dos 20 milhões.
Utilizando a estética da periferia e da sua violência, algo que já apareceu em outros sucessos da nossa cinemateca, esse filme, no entanto, mostra o outro lado, o lado da policia e aí ele encontra e levanta sua voz. Denunciando a corrupção e o tráfico, ele nos expõe a policiais especiais em ação nas favelas do Rio. Mas, o melhor desse filme é que ele nos vinga totalmente. Por pior que seja, vibramos com a tortura, ficamos com a uma espécie e alma lavada. O capitão Nascimento (vivido brilhantemente pelo Wagner Moura) é o novo herói nacional nesse país de corruptos em que tudo acaba em pizza sempre. Ele representa toda nossa vontade de fazer justiça. Não seria nada mal uns policiais do BOPE em Brasília.
“Tropa de Elite” é um filme obrigatório, mas não nos faz chorar. Ele não emociona, ele impressiona. Ele não nos toca, mas crava uma bala no nosso peito e de certo modo, nos tira do sossego, mostrando o mundo inseguro em que vivemos e nos deixa ali na linha de tiros. E o pior é que sabemos que as balas perdidas não cessarão. Que segurança podemos ter. Nenhuma. O que temos é apenas esperança e a certeza de que o mundo melhor depende de todos, inclusive de nós.
Ah...
Nem te conto!
Ator, diretor, dramaturgo, escritor, produtor e um promissor cineasta, além de escorpiano, vaidoso, compulsivo e um chato de galocha.
Através da linguagem, o homem ajuda-se ou se desajuda. Ainda mesmo que o nosso íntimo permaneça nevoado de problemas, não é aconselhável que a nossa palavra se faça turva ou desequilibrada para os outros. Cada qual tem o seu enigma, a sua necessidade e a sua dor e não é justo aumentar as aflições do vizinho com a carga de nossas inquietações. A exteriorização da queixa desencoraja, o verbo da aspereza vergasta, a observação do maldizente confunde... Pela nossa manifestação mal conduzida para com os erros dos outros, afastamos a verdade de nós. Pela nossa expressão verbalista menos enobrecida, repelimos a bênção do amor que nos encheria do contentamento de viver. Tenhamos a precisa coragem de eliminar, por nós mesmos, os raios de nossos sentimentos e desejos descontrolados. A palavra é canal do “eu”. Pela vávula da língua, nossas paixões explodem ou nossas virtudes se estendem. Cada vez que arrojamos para fora de nós o vocabulário que nos é próprio, emitimos forças que destroem ou edificam, que solapam ou restauram, que ferem ou balsamizam. Linguagem, a nosso entender, se constitui de três elementos essenciais: expressão, maneira e voz. Se não aclaramos a frase, se não apuramos o modo e se não educamos a voz, de acordo com as situações, somos suscetíveis de perder as nossas melhores oportunidades de melhoria, entendimento e elevação. Paulo de Tarso fornece a receita adequada aos aprendizes do Evangelho. Nem linguagem doce demais, nem amarga em excesso. Nem branda em demasia, afugentando a confiança, nem branda em demasia, afugentando a confiança, nem áspera ou contundente, quebrando a simpatia, mas sim “linguagem sã e irrepreensível para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós”.